Na busca por soluções para a salinização das águas do Bailique, Davi e Clécio se reúnem com especialistas no Rio Grande do Norte
Na busca por soluções para a salinização das águas doces da Foz do Rio Amazonas, no Amapá, que há anos afeta cerca de 13 mil ribeirinhos que vivem no Arquipélago do Bailique, o senador Davi Alcolumbre (AP) esteve, nesta sexta-feira,7, no Rio Grande do Norte, com especialistas responsáveis pela dessalinização no estado. Na companhia do governador Clécio Luís e do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, Davi conversou com representantes das empresas CPFL e State Grid e assistiu a uma simulação do processo de dessalinização no município de João Câmara.
“Estamos na busca por soluções reais, efetivas para essa situação que atinge milhares de amapaenses há anos e que afeta tanto a vida dessas pessoas. Viemos conhecer esse processo no Rio Grande do Norte e debater a possibilidade de se investigar se o mesmo pode ser feito no Amapá”, explicou o parlamentar.
“Precisamos mudar a realidade dessas famílias e, com diálogo, parceria, compromisso e troca de conhecimentos, podemos debater o que, quem sabe, será uma solução para as regiões ribeirinhas do Arquipélago do Bailique”, disse Davi Alcolumbre, que também conversou com a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.
O fenômeno da salinização das águas doces ocorre de forma natural, em função do avanço do Oceano Atlântico sobre o rio. A ideia inicial do senador Davi é levar um projeto semelhante do Rio Grande do Norte para o Bailique, mas, antes, é preciso saber se a proposta é viável também para o Amapá.
Para o governador Clécio Luís, a visita é um importante passo para conhecer o processo de dessalinização e debater com especialistas a possibilidade de o mesmo que foi feito no Rio Grande do Norte ser executado no Amapá.
“Voltaremos renovados para o Amapá e com algo mais concreto, já que em qualquer lugar do mundo tanto a água quanto a energia são sinônimos de dignidade; sem água não é possível ter merenda nas escolas, sem água não há saúde, um exemplo disso é o aumento de casos de hipertensão no arquipélago pelo consumo inapropriado da água salinizada. Aqui vimos a conjugação de água e energia renovável, potencial que o Amapá também possui para implementar.” Ressaltou.
O ministro Waldez Góes reconheceu a importância do debate para o avanço na busca de soluções para o problema da dessalinização no estado. “O Amapá é um estado que, na foz do Amazonas, requer muito o uso desse tipo de tecnologia de dessalinização, uma vez que o Atlântico está salinizando bastante o arquipélago no Bailique, onde estão mais de 60 comunidades e 13 mil pessoas vivendo com muita dificuldade em termos de água para consumo humano. Essa experiência aqui do Rio Grande do Norte será importante para o trabalho que desenvolveremos no Amapá”, disse.
Rodolfo Sirol, diretor de sustentabilidade da CPFL Energia explicou o processo de dessalinização das águas daquela região que beneficia atualmente 3 comunidades do Rio Grande do Norte. “ São cerca de 3 mil pessoas vivendo nessas comunidades e que não tinham água potável, água de qualidade. Para se ter uma ideia, as famílias tinham que se deslocar por quilômetros para ter acesso à água de sedimentação normal. A CPFL, sensível a isso, usou essa tecnologia inédita no Brasil e, por meio dela, 85% da água extraída é convertida em água potável e distribuída através de uma adutora para três chafarizes nas comunidades.
Além da qualidade do dessalinizador, um ponto a se destacar é o sistema fotovoltaico que produz a energia para todo o sistema, ou seja, ele é neutro em energia porque ele mesmo produz a sua própria energia através dos painéis, o que permite também que ele não emita carbono. É o que há de mais moderno e também alinhado com tudo que queremos em termos de tecnologia e ciência”, afirmou.
Para o Amapá, o diretor acrescenta que esse dessalinizador poderá ser a solução para o arquipélago do Bailique, apesar das diferenças no processo de salinização da água nas regiões. “Estudamos o fenômeno que ocorre naquela região, apesar de ser um grande desafio tendo em vista que a salinidade da água sofre alterações no decorrer do ano. Porém, esse dessalinizador tem a vantagem de adaptar-se a diversos números populacionais e também a diferentes qualidades de água, seja ela água do mar, pura, salgada até água com menor teor de sal, dessa forma ele consegue prover água de qualidade para o arquipélago”.
O sistema visitado nesta sexta-feira está localizado na comunidade Serrote São Bento, em João Câmara, também conhecida como ‘Amarelão’. O governo do estado firmou cooperação com as empresas CPFL Renováveis e State Grid, como forma de compensação ambiental, para instalação do dessalinizador. Na comunidade, a água é captada a 150 metros de profundidade. São 80 mil litros de água dessalinizada por dia, distribuídos através de uma adutora com extensão de 5 quilômetros, beneficiando cerca de 3 mil pessoas em 800 residências.
Para a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, a tecnologia aplicada no estado nordestino poderá mudar também a realidade das populações ribeirinhas. “Esta era uma antiga reivindicação daquela comunidade, que é indígena e agora passa a ter acesso à água de qualidade, em quantidade, e que será modelo para o estado do Amapá”, pontuou.
Alcolumbre afirmou estar otimista em relação à nova tecnologia e às soluções que poderão acabar com o sofrimento das famílias ribeirinhas do Bailique: “Esse é um projeto inovador, um dos mais modernos do Brasil e, com certeza absoluta, este poderá ser o caminho para que uma nova realidade chegue para nossos irmãos do Bailique oferecendo a eles o direito à água potável, tratada e saudável de forma permanente”, finalizou.
Efeitos da salinização no Bailique
O processo de dessalinização ocorre quando a água salobra, a mistura da água doce com a água salgada. E essa água não pode ser usada para cozinhar alimentos, tampouco beber e tomar banho. Desde o fim de 2021, o avanço do fenômeno da salinização das águas do Arquipélago sofreu um aumento exponencial, afetando quase a totalidade da região. Desde então, os moradores das comunidades do Bailique recorrem à captação de água das chuvas em cisternas para consumo doméstico. Para tentar amenizar o sofrimento das famílias, o governo do Amapá cedeu caixas d’água para o armazenamento de água que atende as localidades do arquipélago.
Por Assessoria de Imprensa/ Senador Davi Alcolumbre
Fotos: Márcio Pinheiro e Sidney Lins