Justiça do Amapá expede alvará de soltura do delegado Sidney Leite

O Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) aceitou nesta quinta-feira, 15, o pedido de habeas corpus da defesa do delegado Sidney Leite, que foi preso durante a operação “Queda da Bastilha”, da Polícia Federal (PF), para combater crimes relacionados ao Instituto de Administração Penitenciário (Iapen).

Com a decisão, o delegado teve direito ao alvará de soltura e deixou o regime fechado. Sidney foi preso no dia 14 de setembro, na primeira fase da operação que apurou envolvimento de pessoas com tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Abaixo a nota da defesa do delegado Sidney Leite:

“A defesa do Delegado Sidney Leite vem a público informar que o Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, no início da tarde de hoje, julgando pedido de habeas corpus n. 0005732-35.2022.8.03.0000, decidiu, à unanimidade, restabelecer a verdade e conceder a liberdade ao Delegado Sidney Leite.

Desde o início do processo, vem a defesa incansavelmente demonstrando que Sidney nada mais fazia que desempenhar suas funções como delegado de polícia civil recordista na apreensão de entorpecentes no estado do Amapá.

As acusações foram todas rechaçadas e a liberdade deferida, fazendo prevalecer a verdade e o instinto de justiça”.

“Queda da Bastilha”

Além do delegado, a operação teve como alvos advogados, policiais penais, detentos e funcionários da empresa terceirizada responsável pela alimentação no Iapen. Os mandados de busca e apreensão percorreram residências, escritórios de advocacia e uma oficina mecânica, todos localizados em Macapá.

Segundo a investigação, o delegado teria mantido contato com o detento Ryan Richele dos Santos Menezes, conhecido como “Tio Chico”, um dos líderes de uma facção criminosa. A comunicação teria o intuito de “troca de favores”, a defesa de Sidney Leite contesta a acusação.

Uma conversa supostamente entre o delegado e o Tio Chico foi apreendida e apresentada ao Ministério Público Estadual. Durante os desdobramentos da operação, o delegado foi conduzido ao Centro de Custódia e o detento foi transferido para presídio federal de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Mortes na operação

Durante a abordagem policial, ainda no dia 14, dois homens morreram em troca de tiros com a Polícia Militar. Um deles era alvo da operação e outro estava no local e foi identificado como líder do tráfico de drogas na região do bairro Cidade Nova.

Também no mesmo dia, outro alvo da operação, identificado como Rafael Mendonça Góes, foi encontrado morto dentro da cela da enfermaria. Para a Polícia Civil, ele foi vítima de “queima de arquivo” por ter informações sobre o esquema criminoso.

Rafael participou de interrogatórios no Iapen e, conforme a investigação, revelou informações que contrariou líderes de facção. A Polícia Civil trabalha para tentar identificar os responsáveis e confirmar a motivação do homicídio.

Apreensões no Iapen

Após quatro dias do início da operação, a PF e MPE voltaram a encontrar celular em posse de Tio Chico, que estava na cela da enfermaria, através de uma transferência por uma alegação de doença supostamente falsa.

Outros quatro detentos da mesma facção também estavam na enfermaria no dia da apreensão. O grupo é investigado, juntamente de advogados e servidores do Iapen que teriam facilitado a entrada dos aparelhos celulares.

Foto: Polícia Civil-AP