Criança de 4 anos passa por cirurgia inédita no AP para tratar varizes no estômago
Um menino de 4 anos passou por uma cirurgia endoscópica inédita no Amapá para tratar varizes esofágicas, condição em que os vasos sanguíneos do esôfago ficam dilatados, podendo causar sangramentos graves. O procedimento foi realizado na terça-feira, 7, no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA).
A cirurgia não está disponível nas redes pública e privada de saúde do estado e só foi possível após uma mobilização da Secretaria de Saúde (Sesa) para contatar especialistas e adquirir os materiais necessários.
Os pais de Elias Barros solicitaram Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e aguardaram três meses por uma vaga em algum hospital do país, mas sem sucesso. De acordo com o pai, Josebias Vieira, a família estava disposta a vender o que fosse necessário para custear a cirurgia.
“Há três meses percebemos que o Elias estava com algum problema e logo fomos atrás de atendimento no Hospital da Criança e Adolescente [HCA], depois de várias internações e exames, conseguimos o diagnóstico, mas infelizmente nenhum estado aceitou realizar o procedimento. Tentamos de todas as formas, pensamos até em vender o que não tínhamos para tentar custear a cirurgia em algum lugar, mas nós não conseguiríamos chegar ao valor necessário”, disse o autônomo.
O gastroenterologista Fernando Nascimento, responsável pela cirurgia, contou com o apoio do médico Nelson Sato, de São Paulo. Ele explicou que as varizes esofágicas são dilatações das veias do esôfago que se tornam tortuosas, resultado do aumento da pressão sanguínea dentro delas, o que pode levar ao rompimento e a sangramentos intensos.
“Esse é um procedimento que realiza a aplicação de uma cola biológica que é inserida através de uma agulha endoscópica. Essa substância, em contato com o sangue, provoca uma reação química que forma um êmbolo, que se endurece dentro do vaso sanguíneo, obstruindo e evitando que essa criança tenha novos sangramentos”, detalhou o médico.
Fotos: Gabriel Maciel/Sesa