Amostras de filhote de baleia encontrado em Calçoene são coletadas para ajudar a identificar causa da morte do animal
O filhote de baleia encontrado morto por pescadores na praia do Goiabal, no município de Calçoene, no dia 26 de abril, é da espécie cachalote e tinha quatro metros e meio de comprimento.
Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa) se deslocaram até a região e coletaram amostras biológicas que possam a ajudar a identificar a causa da morte do animal.
De acordo com Claudia Funi, do Núcleo de Pesquisas Aquáticas (NUPAq), a espécie não tinha lesões externas aparentes e já encalhou morta.
“Pelo estado em que se encontrava e pela posição dele, a gente acredita que o filhote já encalhou morto. Não sabemos ao certo há quantos dias estava à deriva até chegar ao local. Não tinha sinais visíveis de marcas de alguma colisão ou rede, de alguma coisa que possa ter causado a morte. Coletamos amostras do intestino do animal e com as análises vamos verificar se teve ingestão de algo que tenha contribuído. O filhote nasceu, amamentou e depois veio a falecer. Também vamos analisar as condições climáticas que precederam ao encalhe”, disse.
Segundo Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e da Rede de Pesquisa e Conservação de Sirênios no Estuário Amazônico (Rede SEA), o registro da cachalote é importante para o Amapá.
“O registro desse cachalote encontrado em Goiabal é muito importante para o Amapá, porque ele é o segundo exemplar dessa espécie encontrado no estado, e é uma forma de melhorarmos nossos conhecimentos sobre a biodiversidade local e da ocorrência dos mamíferos aquáticos ao longo da costa brasileira. Era um animal de porte pequeno, com cerca de 4 metros e meio. Foram coletadas amostras biológicas para tentarmos chegar à causa da morte, se houve doença infecciosa envolvida, porque o animal estava em avançado estado de decomposição”, destacou.
O filhote de baleia foi enterrado no local mesmo. Os ossos foram coletados e passam por processo de limpeza no Núcleo do Iepa/Fazendinha.
“Foi aberta uma cova na parte mais seca um pouco da praia e o resto que tinha de pele, carne e cartilagem foi enterrado lá, ontem [terça]. Os ossos foram coletados e estão agora no Iepa na Fazendinha passando por processo de limpeza. É importante destacar que foi uma ação colaborativa que envolve grupo de pessoas de diferentes setores e instituições desde o primeiro campo, com a coleta do conteúdo estomacal, segundo campo com apoio da equipe da Esec Estação Ecológica Maracá-Jipioca do ICMBio, que ajudou no descarne e a trazer os ossos; e agora no terceiro campo com processo de limpeza que tem apoio dos alunos da Ueap, da Unifap e do Ifap de Porto Grande”, pontuou Claudia Funi.
“Foi através da Rede SEA que conseguimos recursos pra irmos nesse primeiro campo. Essa atuação colaborativa foi essencial para o sucesso da operação”, concluiu.
O Iepa já registrou 4 casos de encalhes de baleias no estado, duas da espécie cachalote, uma jubarte e uma minke.
Foto: Alexandre Jordão