Mulheres negras empreendedoras se mobilizam para o projeto “Afroperiferia Fashion” que vai da moda à feira de artesanato

Mulheres negras costureiras, modelos, artesãs, trancistas, turbanistas e artistas, que moram na periferia de Macapá, estão sendo mobilizadas pelas redes sociais para participar do projeto Afroperiferia Fashion Moda, Empreendedorismo e Ancestralidade.

Serão realizados cursos de formação em moda, artesanato e estética afro, que irão culminar com um evento aberto ao público, tendo na programação desfile de moda, tenda da beleza negra, exposição de economia criativa e apresentações culturais. A organização e a mobilização são da marca de moda amapaense Zwanga African.

“O projeto Afroperiferia Fashion nasceu para evidenciar mulheres negras de periferia, que fazem parte da economia invisível nas áreas periféricas de Macapá, participantes da cadeia da moda empreendedora. Surgiu para amenizar os impactos da pandemia, que mostrou como as áreas periféricas necessitam de oportunidades que proporcionem processos terapêuticos, ferramentas de autocuidado e bem-estar”, afirma a criadora da Zwanga, Rejane Soares.

“A periferia é um espaço feminino pautado por grandes lutas. E por ser feminino tem uma energia ancestral única que permite a existência e a resistência de famílias, em sua maioria encabeçadas por mulheres negras”, ressaltou.

De acordo com a estilista, a ideia de realizar o Afroperiferia Fashion começou após contato com mais de 100 mulheres das áreas periféricas – pontes, baixadas, ressacas, invasões e conjuntos habitacionais. “A proposta é mostrar a potência que existe nas periferias, que ainda sofrem com a exclusão, violência doméstica e o racismo institucional”, justificou.

Lembra ainda que as mulheres negras somam 56% da população periférica de Macapá, segundo dados do coletivo amapaense Utopia Negra, tendo o empreendedorismo e o mercado informal como fontes de renda.

O Afroperiferia Fashion está dividido em duas etapas. A primeira, que é a oferta de cursos, será totalmente realizada e patrocinada pela Zwanga. A segunda etapa terá uma programação em espaço público e precisará da parceria e apoio de organizações governamentais e não-governamentais. “Estamos em busca dessas parcerias porque o projeto terá um impacto social, econômico e cultural na cidade”, explicou Rejane Soares.

Conheça a proposta

Primeira etapa

• Cursos de formação (28 horas) para 360 mulheres (60 afroempreendedoras e 300 modelos).

Segunda etapa

• Feira “Garapé das Mulher“: exposição e comercialização de produtos de 20 empreendedoras da periferia que fazem parte da economia criativa (artesanato, manualidades, crochê, customização, etc).

• Tenda da Beleza Negra Baixada Pará: participação de 10 trancistas, turbanista, esteticista artesanal e três maquiadoras específicas para pele negra.

• Desfile de moda “Passarelas da Cuba de Asfalto”: participação de 330 mulheres negras, sendo 30 mulheres costureiras e 300 modelos (cada costureira terá 10 modelos), todas moradoras da área “Cuba do Asfalto”.

• Palco cultural “Ponte do Axé”: manifestações culturais pautadas na influência afro (ex: contação de história, hip hop, marabaixo, batalha de rima e de b.girl, dança afro, música regional.

Por: Suely Leitão, jornalista