Corpo de adolescente indígena vítima de violência é liberado para velório

O Governo do Amapá confirmou que o corpo da adolescente indígena Maria Clara Batista Vieira, de 15 anos, chegou em Oiapoque na terça-feira, 19, e a Polícia Científica liberou para velório nesta quarta-feira, 20 – o sepultamento será no mesmo dia.

A cerimônia de funeral será realizada na Casa da Esperança, na Rua Coaracy Nunes, bairro Planalto, próximo ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de Oiapoque, informou o Executivo estadual.

Maria Clara foi vítima de violência sexual, na quinta-feira, 13, em Oiapoque, município de fronteira entre Brasil e Guiana Francesa. O agressor tentou, ainda, afogar a adolescente em uma área de pântano. A vítima ingeriu lama durante a tentativa de se desvencilhar.

A indígena da etnia Karipuna foi levada, em estado grave, ao Hospital Estadual de Oiapoque. Devido ao consumo de lama, ela contraiu uma infecção pulmonar e teve que ser transferida para uma unidade de saúde em Caiena, mas morreu no domingo, 17. O governo estadual assumiu os tramites internacionais e o translado do corpo.

“Quero agradecer todo o apoio que o governo francês nos ofereceu. Um gesto claro de humanidade, de solidariedade, de respeito a todos nós, amapaenses, brasileiros, e, muito especialmente, aos nossos povos indígenas”, pontuou o governador Clécio Luís.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um dia após o crime, o acusado do estupro e feminicídio foi identificado pela Polícia Civil como Cláudio Roberto da Silva Ferreira, de 43 anos. Ele teve a prisão preventiva decretada. O homem ainda tentou fugir pelo Oceano Atlântico, mas foi capturado. Ele já possuía histórico criminal por estupro, cometido no ano passado.

Imagens de circuito de segurança, disponibilizado pela Polícia Civil, mostram Ferreira sujo de lama minutos após o crime se lavando em uma torneira na rua. O vídeo ajudou na identificação dele. Próximo ao local da violência, outra câmera registrou a adolescente também suja de lama, buscando ajuda e passando mal.

Na segunda-feira, 18, um protesto promovido por indígenas de Oiapoque pediu Justiça sobre o caso de Maria Clara e exigiu o fim da violência contra a população originária da região da fronteira, diante da falta de segurança nas áreas portuárias e de garimpos ilegais.

Foto de capa: Chegada do corpo da indígena/Reprodução Redes Sociais