Tribunal do Crime: Facção no AP tem ‘RH’, ‘batismo’ e cláusula de morte
A Força Tarefa de Segurança Pública (FTSP) deflagrou na manhã desta terça-feira, 4, a operação “Rebeldia”, que investiga o processo de recrutamento e atuação de uma facção criminosa no Amapá.
De acordo com a FTSP, a investigação identificou um grupo virtual em aplicativo de mensagens, com o intuito de auxiliar a tomada de decisões, colaborando para a manutenção de um “estado paralelo” nas áreas de domínio da facção.
Durante a operação, a corporação cumpriu quatro mandados de busca e apreensão e três de prisão preventiva no Instituto de Administração Penitenciário (Iapen), nos bairros Congós, em Macapá, e Provedor ll, em Santana.
Segundo o delegado Bruno Belo, da Polícia Federal (PF), dois dos mandados de prisão ocorreram no Iapen e tinha como alvo um detento. Foram apreendidos mídias digitais e material entorpecente na penitenciária.
“O modus operandi era como uma espécie de cadastro dos criminosos para entrarem na facção. Daí eles ficaram sob a tutela do estatuto da facção. Quem desrespeitasse o estatuto poderia sofrer represálias do tribunal do crime”.
A operação poderá servir como base para outras ações de combate ao crime organizado, informou ainda o delegado.
Modus operandi da facção
Ainda segundo a FTSP, um homem que cumpre pena em regime domiciliar pelo crime de roubo qualificado, é responsável pelo cadastro de novos membros junto à organização criminosa, em uma espécie de chefe de “recursos humanos” do crime.
O indivíduo repassava um “formulário de batismo”, uma espécie de contrato para os novos integrantes, sendo que em uma das cláusulas era estipulado até a pena de morte, no caso de traição.
Foi possível também identificar duas lideranças atuando de dentro do Iapen que estavam dando ordens e aval para o cometimento de crimes violentos na capital, assim como indicando quem poderiam ser as lideranças pelos municípios do Amapá.
Em alguns setores em que a liderança tem domínio, a FTSP desvendou um caso no qual um dos investigados deu ordem para punir civis que estariam infringindo regras estipuladas pela facção na área de atuação.
Veja abaixo a entrevista com o delegado Bruno Belo:
Fotos e vídeo: Polícia Federal/Divulgação