PF e MPE deflagram 2ª fase da operação ‘Queda da Bastilha’ com novos mandados de busca e apreensão
As investigações para combater o crime organizado ligado ao Instituto de Administração Penitenciário do Amapá (Iapen) seguem intensamente. A Polícia Federal e o Ministério Público Estadual (MPE) cumprem nesta segunda-feira, 26, novos mandados de busca e apreensão na 2ª fase da operação “Queda da Bastilha”.
Um dos mandados foi cumprindo no Centro de Custódia Especial do Iapen, no bairro Zerão, na zona sul de Macapá; e outro em uma oficina de carros, localizada no bairro Santa Rita, na zona central.
Novos indícios apontam que um dos investigados havia deixado em uma oficina, há aproximadamente seis meses atrás, um veículo blindado para um conserto.
A investigação apura se o veículo é o mesmo citado para uso de líder de facção criminosa, que também é alvo da operação, conforme revelado na 1ª fase.
O outro mandado de busca e apreensão no Centro de Custódia Especial do Iapen é decorrente de informações que três investigados estariam se comunicando por meio de telefone celular, escondidos nas dependências daquela unidade prisional.
Transferência de presídio
O líder de facção Ryan Richele dos Santos Menezes, conhecido como “Tio Chico”, foi transferido do Iapen para presídio federal em Mossoró, Rio Grande do Norte, na última sexta-feira, 23. A operação revelou que ele mesmo dentro do presídio amapaense mantinha contato com o delegado Sidney Leite, preso na operação.
De acordo com a decisão da Justiça publicada em 19 de setembro, ele deve ficar preso na Penitenciária Federal de Mossoró pelo prazo de 2 anos – a unidade é reconhecida por ter padrões internacionais.
Segundo a investigação, Leite era informante do líder de facção conhecido como “Tio Chico”. O delegado teria oferecido ao detento favores em trocas de “vantagens ilícitas”. Eles negociam aluguel de apartamento e até um carro blindado.
Operação Queda da Bastilha
A PF e MPE cumpriram oito mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. Entre os alvos da ação estão delegados, advogados, policiais penais e faccionados que estariam envolvidos em crimes relacionados ao Iapen.
Conforme a investigação, os alvos da operação têm envolvimento com tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Os policiais percorreram residências e escritórios de advocacia, nos bairros: Pacoval, Central, Cidade Nova, Jardim Equatorial, Novo Buritizal, Perpétuo Socorro, Trem, Cabralzinho e Fazendinha, além de seis mandados de busca no Iapen, sendo quatro em celas de internos e dois em salas de servidores do presídio.
Houve também o cumprimento de prisões domiciliares contra servidores públicos, advogados e presos do regime fechado, além do bloqueio de valores depositados em contas bancárias e aplicações financeiras.
Mortes na operação
Durante a abordagem policial, ainda no dia 14, dois homens morreram em troca de tiros com a Polícia Militar. Um deles era alvo da operação e outro estava no local e foi identificado como líder do tráfico de drogas na região do bairro Cidade Nova.
Também no mesmo dia, outro alvo da operação, identificado como Rafael Mendonça Góes, foi encontrado morto dentro da cela da enfermaria. Para a Polícia Civil, ele foi vítima de “queima de arquivo” por ter informações sobre o esquema criminoso.
Rafael participou de interrogatórios no Iapen e, conforme a investigação, revelou informações que contrariou líderes de facção. A Polícia Civil trabalha para tentar identificar os responsáveis e confirmar a motivação do homicídio.
Apreensões no Iapen
Após quatro dias do início da operação, a PF e MPE voltaram a encontrar celular em posse de Tio Chico, que estava na cela da enfermaria, através de uma transferência por uma alegação de doença supostamente falsa.
Outros quatro detentos da mesma facção também estavam na enfermaria no dia da apreensão. O grupo é investigado, juntamente de advogados e servidores do Iapen que teriam facilitado a entrada dos aparelhos celulares.
Foto: Polícia Federal