Queima de arquivo: Detento morto no Iapen contrariou lideranças de facção, diz polícia
A Polícia Civil segue na investigação para identificar os mandantes da morte de Rafael Mendonça Góes, que foi encontrado morto na enfermaria do Instituto de Administração Penitenciário do Amapá (Iapen).
Para a Delegacia de Homicídios (Decipe), o detento foi vítima de “queima de arquivo”, ou seja, foi assassinado por ter informações sobre crimes praticados por facções lideradas dentro do presídio.
Rafael foi um dos alvos da operação “Queda da Bastilha”, deflagrado pela Polícia Federal (PF) com apoio do Ministério Público Estadual (MPE), na quarta-feira, 14, mesmo dia em que ele foi encontrado morto.
Segundo o delegado titular da Decipe, Wellington Ferraz, o detento participou de interrogatórios sobre crimes que são comandados de dentro do Iapen e este fator teria colaborado para uma possível vingança.
“A nossa linha de investigação aponta que Rafael tenha contrariado as liderança de facções por falar demais. Estamos trabalhando para identificar os responsáveis”, explicou.
Rafael estava preso há cerca de cinco anos, segundo a Polícia Civil, envolvido em roubos e sequestro. O laudo pericial revelou que ele foi morto por estrangulamento.
Operação Queda da Bastilha
A PF com apoio do MPE cumpriu oito mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. Entre os alvos da ação estão delegados, advogados, policiais penais e detentos que estariam envolvidos em crimes relacionados ao Iapen.
Conforme a investigação, os alvos da operação teriam envolvimento com tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Os policiais percorreram residências dos investigados e escritórios de advocacia, nos bairros: Pacoval, Central, Cidade Nova, Jardim Equatorial, Novo Buritizal, Perpétuo Socorro, Trem, Cabralzinho e Fazendinha, além de seis mandados de busca no Iapen, sendo quatro em celas de internos e dois em salas de servidores do instituto.
Houve também o cumprimento de prisões domiciliares contra servidores públicos, advogados e presos do regime fechado, além do bloqueio de valores depositados em contas bancárias e aplicações financeiras.